1. A Antártida, na verdade, é um deserto
Quando a gente pensa na Antártida, a primeira coisa que vem à cabeça é a imagem de um lugar coberto de gelo, aparentemente úmido, que em nada lembra os desertos onde são registradas altíssimas temperaturas; só que não só de dunas de areia são feitos os desertos: o continente antártico tem regiões extremamente secas, insanamente hostis ao surgimento de vida2. Tentar atravessar o continente pode ser fatal
Em janeiro, o explorador britânico Henry Worsley morreu em decorrência de uma falência múltipla dos órgãos enquanto tentava cruzar sozinho o continente gelado. Em 71 dias, ele havia percorrido 1469 quilômetros, sendo que restavam menos de 50 para que ele concluísse esta perigosa jornada3. Todos os anos, o continente perde 60 quilômetros cúbicos de gelo
A taxa de derretimento no continente tem aumentado drasticamente desde o início da década: estima-se que a perda de gelo, anualmente, seja de cerca de 60 km³ — praticamente o abastecimento de água no Reino Unido de um ano inteiro4. No inverno, seu litoral praticamente dobra de tamanho
No inverno, por causa da drástica diminuição na temperatura, a água que está ao redor do litoral da Antártida fica congelada, fazendo com que a superfície do continente quase dobre de tamanho5. Apesar de ser o lugar mais frio do planeta, as temperaturas médias na Antártida aumentaram mais bruscamente do que no resto do mundo
Nos últimos 50 anos, a temperatura média do continente aumentou cerca de 3 °C — um acréscimo que aconteceu cerca de dez vezes mais rápido do que no restante da Terra6. Para especialistas, a razão para o derretimento do gelo seria o aumento da temperatura do mar
Segundo um estudo sobre a perda de gelo na Antártida, o acelerado derretimento glacial seria motivado pela elevação da temperatura oceânica, visto que os cientistas não encontraram no continente indícios de aumento na temperatura ou diminuição na quantidade de neve7. Caso ocorresse um eventual colapso no manto de gelo antártico, ilhas e cidades litorâneas ficariam submersas
Outro estudo publicado recentemente sugere que o derretimento do manto de gelo na Antártida Ocidental poderia elevar em quase 3 metros o nível do mar em todo o planeta, deixando ilhas e cidades costeiras debaixo da água8. Tem sido cada vez mais difícil para os animais endêmicos da Antártida conseguir alimento
Este pequeno crustáceo chamado krill está na base alimentar de diversas espécies de animais que habitam o continente antártico, como os pinguins, as focas e as baleias. Especialistas acreditam que a elevação da temperatura, o aumento da acidez dos oceanos e, em certa medida, a pesca predatória, têm afetado a dieta dos animais da região e reduzido ainda mais as suas chances de sobrevida9. Nova base de pesquisa do Brasil no continente deve ficar pronta em 2018
Como você deve saber, nenhuma nação do globo pode exercer sobre a Antártida poder político ou explorá-la economicamente, sendo permitida somente a realização de estudos científicos. A base de pesquisa do Brasil, chamada Comandante Ferraz — destruída por um incêndio quatro anos atrás —, deve ser substituída por esta instalação, que, em seus 4,5 mil m², vai abrigar 17 laboratórios, biblioteca, ambulatório, área de convivência e acomodações para até 64 pessoas10. O iate de um brasileiro que naufragou na Antártida
Em 2012, o jornalista João Lara Mesquita levou um susto enquanto navegava pelas perigosas águas antárticas: por causa do acúmulo de gelo ao redor da sua embarcação e pelas condições climáticas desfavoráveis, o iate em que ele e mais três tripulantes estavam afundou. Na ocasião, ele gravava um documentário sobre o continente gelado. Felizmente, todos foram resgatados sãos e salvos e levados para a base chilena que ficava próxima do local do naufrágio
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