Nada de brindas com bebidas contendo gás
De acordo com Cassie Kelly, do portal Inverse, o problema com a cerveja no espaço é que a espuma e as "bolhas" de gás típicas da bebida não podem se formar em ambientes de microgravidade. Se você é um cervejeiro inveterado, então sabe que uma parte crucial do processo de produção da bebida é a carbonação — já que sem ela, tudo o que teríamos seria um líquido “xoxo” e sem graça.
Bolhas
Segundo Cassie, a carbonação da cerveja acontece através da combinação do açúcar e da levedura e, quando mais açúcar acrescentamos à receita, mais bolhinhas teremos na bebida. Contudo, na ausência de gravidade, as bolhas não se difundem pelo líquido de forma homogênea e vão para o topo do copo — como ocorre aqui na Terra —, mas se distribuindo de maneira aleatória. Veja a seguir como as bebidas carbonatadas se comportam no espaço:Conforme Richard Garriott explica no vídeo acima, não existem bebidas carbonatadas na Estação Espacial Internacional, mas ele fez uma simulação usando uma cápsula que transformou sua água em água com gás. E como ele mostrou, em vez de as bolhas se espalharem pelo líquido, elas ficam concentradas pela solução e não flutuam para o topo da embalagem — como elas fariam se a bebida fosse servida em um copo aqui no nosso planeta.
O pior é que, se alguém decidisse bebericar uma cervejinha no espaço — ou qualquer bebida contendo gás, na verdade! —, as bolhas se comportariam da mesma maneira que você viu no vídeo, mesmo depois de a bebida ser consumida pelos astronautas. Aliás, o resultado seria bem desconfortável.
Tudo diferente por lá
Quando bebemos uma cerveja aqui na Terra, da mesma forma que as bolhas sobem e formam o colarinho no topo do copo ou escapam para o ambiente, quando consumimos a bebida, as bolhas “sobem” pelo nosso estômago, produzindo gás — que é liberado na forma de... isso mesmo! Sonoros (ou nem tanto) arrotos.
Tipicamente, os astronautas não arrotam no espaço
Só que no espaço, as coisas não sobem. Elas flutuam. E, no caso da cerveja — ou qualquer bebida carbonatada —, em vez de o gás subir e ser liberado, ele fica lá, preso no sistema digestivo. Assim, se um astronauta tomar uma dessas bebidas, o gás seria liberado na forma de “arrotos molhados”, escapando acompanhado de um pouco de líquido, tipo o que acontece quando padecemos de refluxo.
Bebidinhas espaciais
De acordo com Cassie, existe esperança para os amantes de cerveja que vão para o espaço. Isso porque um grupo de estudantes da Universidade da Califórnia em San Diego está participando de uma competição com um projeto para desenvolver levedura no espaço e, eventualmente, produzir qualquer coisa que conte com esse organismo em sua composição.Quem vai até a Lua para bebericar uma cervejinha?
Se vencer o concurso, o time pretende enviar até a Lua um pequeno sistema de contenção — do tamanho de uma latinha de cerveja — composto por três compartimentos. O primeiro estará cheio da bebida sem fermentar, o segundo, que só deve se abrir depois de o sistema pousar em solo lunar, servirá para misturar o líquido com a levedura, e o terceiro compartimento permitirá que a bebida pronta fique no fundo, separada do fungo.
Os estudantes acreditam que, com o sistema acima, eles vão conseguir criar uma cerveja extraterrestre — com bolhas, colarinho e tudo mais — que poderá ser apreciada no espaço. Se o plano vai funcionar mesmo ou não, e se a bebida será consumida e aprovada por alguém lá na Lua, só o tempo dirá.
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