1 – Presídio de San Pedro, La Paz
A Bolívia enfrentava uma grande crise financeira em 1986. Para resolver a situação, o país aceitou ajuda de economistas de Harvard e também da Escola de Economia de Chicago. As duas instituições aconselharam o governo boliviano a instituir a chamada “terapia de choque”.
Basicamente, a medida privatizou todas as instituições públicas, diversas medidas de austeridade foram adotadas, alterando a legislação de diferentes maneiras. O fato é que a terapia de choque afetou o país inteiro, mas talvez o sistema prisional tenha sido atingido ainda mais.
O que acontece no presídio de San Pedro é que existe uma espécie de aluguel. Aqueles que têm condições de pagar pelo mês de estadia (entre US$ 1.000 e US$ 1.500) vivem bem, dormem em celas espaçosas e bem equipadas, podem receber visitas frequentemente, comem muito bem e são tratados como se estivessem em uma espécie de hotel.
Já os presos pobres, que não conseguem custear a mensalidade do presídio, vivem em celas superlotadas, dormem sobre outros presos, fazem suas necessidades em baldes de uso coletivo e comem apenas o que conseguem dos presos ricos – para terem o que comer, roubam os outros reclusos ou aceitam “trabalhos” que ninguém topa fazer. Há relatos de prostituição, inclusive.
Por mais bizarro que pareça, o local é conhecido por atrair turistas à procura de cocaína. Eles sabem que a droga é apreendida frequentemente e têm noção de que é possível comprá-la na própria penitenciária – a substância é muitas vezes vendida pelos mesmos policiais que trabalham no local.
2 – Centro de Reabilitação Federal, EUA
O contraste entre essa penitenciária e a de San Pedro, do item anterior, é realmente impressionante. Nessa prisão, que fica na Carolina do Norte, a maioria dos condenados são pessoas ricas ou famosas. Cerca de 1.300 detentos estão nessa penitenciária, entre eles Bernie Madoff, que desviou bilhões de dólares de aposentados e sobreviventes do holocausto.
Outro preso na instituição é Lee Farkas, que era proprietário de um banco e, além de ser acusado de fraude, destruindo a participação de vários outros bancos em investimentos imobiliários, foi considerado responsável, portanto, pela demissão de milhares de trabalhadores. Além do mais, Farkas deu um grande prejuízo ao governo norte-americano, sendo sentenciado a 30 anos de prisão.
A lista de criminosos cheios da grana e responsáveis por crimes bárbaros é realmente grande nessa penitenciária. Todos eles estão presos em celas confortáveis, aproveitam o amplo espaço ao ar livre que a instituição oferece, têm acesso à internet e recebem visitas quando querem.
3 – A solitária ADX, nos EUA
Diferente do que ocorre na Prisão Federal do país, no presídio ADX de segurança máxima, que fica no Colorado, não se sabe exatamente o que acontece. Conhecida como a penitenciária mais secreta da América do Norte, a ADX mantém seu funcionamento em sigilo total – solicitações de visitas de imprensa são negadas há 13 anos.
Basicamente, tudo o que se sabe a respeito da ADX foi retirado de uma ação judicial federal que foi aberta contra a instituição. Esses documentos afirmam que os detidos passam 23 horas por dia trancafiados em celas do tamanho de banheiros, isolados uns dos outros totalmente, chegando a passar semanas sem qualquer contato humano.
Ao serem liberados para a recreação, saem das celas quando a porta abre automaticamente e ficam um tempo dentro das jaulas que você vê na imagem acima. Ao todo, passam no máximo 10 horas por semana nesses espaços externos.
As celas são realmente minúsculas, com uma janela de 10 cm de largura, uma cama de tijolo, uma televisão em preto e branco que exibe programas religiosos, um vaso que é também uma pia, um chuveiro de desligamento regulado e só.
Muitas pessoas com doenças psiquiátricas já foram levadas para a ADX, o que é ilegal. Um dos ex-detentos sofria de transtorno bipolar e tomava o remédio Seroquel para controlar os sintomas da condição. Ao entrar no presídio, ouviu de um psicólogo que a instituição não iria fornecer qualquer droga que o fizesse se sentir bem. Depois de algum tempo, o quadro do paciente piorou, obviamente.
Muitos presos da ADX, em decorrência do isolamento que dura anos ou décadas, acabam sofrendo transtornos psiquiátricos. Há casos de detentos que arrancaram os próprios olhos, cortaram e comeram seus dedos, sujaram-se de fezes e batiam a cabeça contra a parede até perderem a consciência.
As paredes das selas impedem a passagem de som e há barras que evitam a aproximação dos detentos da porta da cela, de modo que não conseguem conversar com os outros nem mesmo com gritos. O contato humano é realmente inadmissível na ADX, e os presos recebem comida e medicamento, em poucos casos, também de maneira automática, sem ver ninguém. Atualmente, apenas nos EUA, 80 mil pessoas estão trancafiadas em solitárias.
Imagens
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