Para começo de conversa, é “cagar”, sim! Não me venham com lição de moral de que deveríamos ser mais polidos e usar “defecar”. Ou vai dizer que você fala: “Vou ali dar uma defecadinha e já volto”. Não, não fala. Porém, existe outra expressão um pouco mais curiosa: “Eu me caguei de medo”!
Será que isso é realmente possível? Ou será que é apenas uma forma de dizermos que estamos apavorados? Você conhece alguém que realmente sujou as calças em uma situação de espanto? Pode parecer absurdo, mas existem estudos sérios sobre esse assunto!

Sinal de covardia

Diversas abordagens sobre a relação entre o medo e o desarranjo intestinal já foram feitas. O especialista em artes marciais Geoff Thompson, do Reino Unido, escreveu o livro “Dead or Alive: The Definitive Self-protection”, no qual explica que lutadores profissionais normalmente vão ao banheiro antes de um combate para não correrem o risco de ter um “acidente” no ringue.
Ele fala que defecar ou urinar faz parte da natureza humana, mas que isso não é uma coisa muito boa do ponto de vista social se por acaso alguém fizer suas necessidades nas calças – principalmente lutadores, que serão encarados como “cagões” ou “covardes” pelo resto da vida. Já imaginou o papelão?
Lutadores costumam ir antes ao banheiro para não correrem nenhum risco

Mas que simpatia...

Já no livro “The Fascinating Body: How It Works”, o autor Sheldon Margulies descreve que o sistema nervoso simpático é capaz de retardar o processo digestivo e de relaxar os músculos da bexiga para que ela retenha mais urina durante os momentos de grande adrenalina. Por isso, por exemplo, você é capaz de participar de uma aventura radical sem precisar ir ao banheiro, mas, assim que você estiver em segurança, sentirá uma necessidade enorme de usar a privada.
“O movimento do intestino é controlado pelos sistemas nervosos simpático e parassimpático. Além disso, a parede do intestino tem o seu próprio complexo de nervos, chamado de sistema nervoso entérico, que parece responder aos hormônios liberados pelo cérebro sob períodos de grande ansiedade”, escreve Margulies.
Segundo ele, é mais provável que você possa cagar nas calças durante o salto de um avião, por exemplo, porque seu cérebro vai pensar em todas as coisas erradas que podem acontecer durante o salto, do que quando você descobre que o seu paraquedas não vai abrir. Isso porque o medo racional toma o controle do seu sistema digestivo caso aconteça a pior das hipóteses.
É mais provável que você borre as calças na hora que se joga do avião do que na hora que o paraquedas falha

Estudo com ratos

Na década de 1930, os pesquisadores tentaram estudar a relação entre o medo e o funcionamento do intestino usando ratinhos como cobaia. Em um cubículo, os animais eram “bombardeados” com luzes e sons a fim de analisar qual seria o comportamento fecal nessa situação estressante.
Com base nesse estudo, Jeffrey Alan publicou o livro “The Psychology of Fear and Stress”, relatando que os ratos realmente faziam mais cocô que o normal quando expostos a situações que lhe causavam medo. Porém, comparar ratos e humanos não é a coisa mais correta a se fazer, não acham? Ou será que vem daí a expressão “Você é um homem ou um rato?” para desafiar os medrosos?
Ratos de laboratório fizeram mais cocô quando eram expostos a situações estressantes

Lenda urbana

Para alguns estudiosos, porém, tudo isso não passa de uma espécie de lenda urbana. A explicação estaria justamente em nosso sistema nervoso. Em situações de estresse, o nervo parassimpático se desliga – e é ele quem controla nossas funções fisiológicas. Por isso, nossas “necessidades” não funcionam como estamos acostumados. Ou seja: você pode até ficar com vontade, mas dificilmente vai pensar nisso na hora agá!
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Você conhece alguém que tenha realmente borrado as calças em uma situação de medo? Já sentiu vontade de ir ao banheiro antes de passar por algum grande estresse? Conte sua história nos comentários!